Hoje conheceremos mais sobre o Ramo Lobinho! O início de uma vida de aventuras para muitos jovens do movimento escoteiro. Em comemoração à semana do lobinho vamos trazer esta e outras matérias especiais nos próximos dias. Acompanhe!
Você sabe que o movimento escoteiro foi fundado sob ensinamentos de Baden Powell no livro “Escotismo para Rapazes”. Uma importante literatura para o movimento mundial, ele traz os conceitos do que vem se tornando o escotismo.
Neste manual, B-P não se fixou em alguns detalhes, tais como: Com que idade o jovem pode participar dos escoteiros? Ou com que idade parar de ser jovem e passar a ser um aplicador do programa? Pois bem, isso, com o passar do tempo se tornou um probleminha, pois, jovens cada vez mais novos queriam participar da “brincadeira” e os mais velhos de 18 anos, não queriam estar junto de crianças tão pequenas. Outra questão dificultadora era que o programa escoteiro se exibia muito complexo e bastante físico, fazendo com que os menores não acompanhassem o ritmo dos mais velhos.
Também havia uma pressão dos “irmãos mais novos” de participar dos escoteiros. Como dito pela chefe Vania Dohme dos Escoteiros do Distrito Federal: “Os pequenos foram tão persistentes, intrometendo-se nas reuniões de Tropa que se iniciaram alguns ensaios por volta de 1909 para traze-los ao escotismo. Os primeiros esforços de trabalhar com meninos menores não obtiveram sucesso e alguns escoteiros mais velhos se ressentiram em receber estas crianças como “Junior Scouts”.
Após estas primeiras tentativas, B-P tinha uma tarefa árdua, pois embora receptivo à ideia de os menores fazerem parte dos escoteiros, ele tinha que criar regras para não tornar o movimento um “jardim de mini escoteiros”. Afinal as atividades deveriam treinar os mais jovens ao mesmo tempo que deveriam ser mais divertidas e atraentes.
Nesta época, em janeiro de 1910, o Reverendo A.R. Brow, Chefe da Tropa Escoteira número 1 do Enfield Highway, em Niddlessex, Inglaterra, publicou um artigo no “Headquarters Gazette”, onde concretamente questionava: O que iremos fazer com os meninos menores de 12 anos? A principal preocupação era a de que não se deveria exaurir as crianças desta idade com atividades que estavam além de sua capacidade física e também era necessário evitar o risco de perturbar os rapazes mais velhos, os quais poderiam se sentir humilhados em terem de executar as mesmas atividades que os mais jovens e abandonar os escoteiros. Devemos lembrar que esta era outra época, outro jeito de pensar e estas preocupações eram muito válidas.
Como forma de esclarecer suas ideias, B-P escreveu no final de 1913 as primeiras tentativas de denominar os meninos menores, entre as sugestões estavam: Beavers (castores), Wolf Cubs (lobinhos), Cubs (filhotes), Colts (potros) e Trappers (ajudante de caçador). B-P preocupava-se que o novo ramo possuísse características próprias e não fosse apenas uma versão mais simplificada do programa dos escoteiros.
Após esse período de experiências B-P solicitou ao seu grande colaborador, o chefe Percy Winn Everett que redigisse um esquema provisório para estas crianças. Que foi entregue em 1913 sobre o nome de: Regras para escoteiros menores. Ao que B-P, solicitou apenas a mudança da nomenclatura “escoteiros menores” por “Wolf Cub” ou Lobinho em português. O chefe determinou que esta nova nomenclatura seria mais adequada devido a alguns termos presentes nas regras que se referiam a “Pata Tenras” aos iniciantes. Outra questão importante abordada foi o uniforme, que iria se distinguir do utilizado pelos jovens escoteiros. B-P achou que um boné, semelhante ao usado no jogo de criket (muito famoso na Inglaterra) e um suéter estaria muito de acordo com a elegância e praticidade necessária ao lobinho.
Com mais algumas mudanças e emendas, em 1914, a publicação “Headquarter Gazette” vinha com o esquema para a implementação dos Lobinhos. Que não era mais que uma forma modificada de adestramento de escoteiros, ela incluía uma saudação própria, um emblema em forma de cabeça de lobo, a promessa mais simples de servir e cumprir pelos pequenos e alguns testes simples adaptados à faixa etária. Ainda se percebia pelo clima de guerra da época, um forte sabor patriótico, com muitas manobras, marchas, saudações a Bandeira e cantar o Hino Nacional.
Em 2 de dezembro de 1916, foi publicado o Manual do Lobinho, que era desenvolvido para meninos e continha muitas ilustrações do próprio B-P. Esta publicação é considerada o marco de fundação do ramo, embora apenas em 1923 que as regras completas do Lobismo foram reconhecidas.
Segundo a chefe Vania Dohme: Todas as coisas sugeridas no Manual podem ser absolutamente aplicadas nos treinamentos dos dias de hoje, especialmente pela linha típica da política de B-P: “Nós ensinamos pequenas coisas brincando, as quais poderão eventualmente, adestrá-los a fazerem grandes coisas a sério”.
E assim terminamos a primeira matéria especial da semana do lobinho, que contará ainda com duas entrevistas especiais com as Akelás das Alcateias Seonee e Waingunga e também com a história de como o “Livro da Selva” passou a fazer parte do Ramo Lobinho. Até a próxima!
Melhor Possível!
Por Junior Castro Bieger – Diretor de Comunicação G.E. São Gaspar Bertoni – 124/PR
Fontes: Escoteiros DF e InfoScoutCl do Chile.